domingo, 20 de fevereiro de 2011

O VEGETAR


AUTOR: Zezinho Casanova

O descansar não existe
A inércia é fantasia
O vegetar é apenas um estagio
Para um novo degrau de evolução.
Está parado é não estar
Entre a paciência e o instinto
De ser o que não é
Aquilo que ainda vou ser.
Como é sensível e sábio o vegetar
Na pureza das matas
Nos jardins suspensos dos umbrais
Dos quais ainda viverei
A lição do verbo amar.
Deixe-me a sós
A criar sensibilidade
Dos que precisam questionar
Para aprender evoluir.
A seiva circula nos meus caules
A fotossíntese me eleva a outros ares
É hora de despertar
A fera que há dentro de mim
Defender-me do outro eu
Que ainda está por vir
...

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A travessia das águas do Mearim: A comunhão dos peixes





Por Ivan Pessoa*

Tales de Mileto estava certo, tudo é água e na variedade de suas expressões a vida revela-se purificada. Para o taoísmo o Absoluto, de nome impronunciável, é como a água, revigorante, mas imponderável, de sorte que vivifica, contudo jamais se mostra. Em meio aos seus segredos velados, as águas escondem não apenas nereidas, oceânides ou orixás, mas igualmente baleias, como a insubmissa Moby Dick, ou o espadarte de O velho e o Mar.

Jorge Luís Borges em seu Bestiário: O livro dos seres imaginários conta a mítica versão dos nômades dos desertos árabes que creem que um peixe gigante de nome Bahamut firma a Terra, como um sustentáculo. Borges, afora seus lapsos de prolífica inventividade, cita um certo Lane e assim considera: “ Deus criou a Terra, mas a Terra não tinha sustentáculo e assim por baixo da Terra criou um anjo. Mas o anjo não tinha sustentáculo e assim por baixo dos pés do anjo criou um penhasco de rubi. Mas o penhasco não tinha sustentáculo e assim por baixo do penhasco criou um touro com quatro mil olhos, orelhas, ventas, bocas, línguas e pés. Mas o touro não tinha sustentáculo e assim por baixo dos pés do touro criou um peixe chamado Bahamut, e por baixo do peixe pôs água, e por baixo da água pôs escuridão, e a ciência humana não vê além desse ponto.”

Como tudo o que é coberto atrai demasiado rios, oceanos e mares, aflora ao imaginário dos homens como se por lá se hospedassem seres encantados, criaturas de míticas proporções. Em meio ao encanto das águas do rio Mearim, o ictiólogo entusiasta e cirurgião-dentista de profissão, Éden Carmo Soares, retrata com uma riqueza imensa de detalhes as belezas naturais daquelas paragens. Já no início de seu maestrio: Os peixes do Mearim, a fisgada é decisiva: “A vida, em sua maior abrangência, o homem e suas atividades encontram nos rios o mais extraordinário dos lugares para sobreviver, crescer e se desenvolver. Água, alimento, vias navegáveis e a fertilidade do solo pelos sedimentos aluviais das cheias significaram atrativos fundamentais para o estabelecimento de grandes civilizações à margem de rios. Os egípcios, no Nilo, são o exemplo mais lembrado. ‘O Egito é um presente do Nilo’ – deixou dito Heródoto.” (p.23) Como existe uma ordem mística a aproximar os homens e os rios, em um curso de contínua sucessão, as águas espelham os céus aliançando a comunhão cósmica das criaturas. Sendo assim, peixes são estrelas que vagam destemidamente cindindo a escuridão mais noturna do fundo das águas. Quanto maior o destemor, maior a exuberância, a magnitude. Os peixes do Mearim, como estrelas submersas, revelam-se nas grandezas de um rio com seus 930km, multiplicando-se através das espécies de Corrós, Poraqués, Sarapós, Bodós, Aracus, Arraias, ou seja, em uma diversidade de manifestações ictiológicas. Em função da riqueza técnica de detalhes, cita-se Éden Carmo Soares, especificamente com relação às arraias-pintadas: “A arraia-pintada é a espécie representante do grupo dos peixes cartilaginosos de água doce no Mearim. [...] É uma temeridade caminhar em ambientes minados de arraia, porque, quando pisado, esse peixe chicoteia vigorosamente a cauda, fazendo penetrar seu ferrão pungente e venenoso nos pés ou nas pernas de sua vítima. [...] Para afastar tal perigo, os pescadores recomendam caminhar-se arrastando os pés, em vez de levantá-los, ou utilizar um bastão para afugentar as arraias. [...] Um espécime adulto pode pesar, normalmente, 15 kg, e o diâmetro do disco chega a medir 70cm.” Com sua riqueza imensa de vegetação, afora os mistérios insondáveis das águas, é possível se encontrar, nas profundezas do Mearim, a presença ofídica de um peixe chamado Muçum que, segundo Éden: “ Seu corpo é serpentiforme, amarelado ou escuro, descamado e mucoso, com pregas carnosas, lembrando nadadeiras dorsal e anal. Pode viver longo tempo fora d’água e em galerias no barro, quando ficam secos os lamaçais, onde frequentemente habita. Revelação curiosa de nossa pesquisa é que a fêmea, após o primeiro período reprodutivo, muda de sexo: transforma-se em macho. Pelo que informam pescadores da região, o muçum atinge 1,5m de comprimento. Temos ouvido encômios sobre a espécie, servida guisada, frita ou assada. São raros, porém, na região, os adeptos das iguarias. Pescam-no de tarrafa, choque, anzol, ou com vara de gancho, quando entocado. Mas os ribeirinhos do Mearim não são costumeiros pescadores do muçum.” Peixes das mais variadas espécies, famílias e formas, apenas endossam aquela definitiva sentença bíblica, especificamente no livro do Gênesis (1,6): “Deus disse: ‘ Que haja o firmamento no meio das águas e que separe ele uma das outras.’ Deus fez o firmamento e separou as águas superiores do firmamento das águas inferiores.” No trânsito revolto dessas águas inferiores, os peixes que ali afloram são tão atípicos, quanto extraordinários.

Na Idade Média, quando ocorriam fenômenos inusitados como tornados, que deslocavam cardumes de peixes pelos ares, acreditava-se que os mesmos já nasciam adultos nos céus, para em seguida procurarem os mares. Séculos atrás, mais precisamente quatrocentos anos antes de Cristo, o grego Ateneu presenciara uma chuva onírica de peixes que duraria três dias na região de Queronéia, no Peloponeso. Quando muitos, a depender das contigências naturais, como estrelas cadentes, os peixes podem voar. No Mearim, em função de suas especificidades, diferentemente do Coió que voa até uma altura de 6 metros, o Poraqué torna-se igualmente um diferencial: “ o poraqué tem cabeça achatada, olhos pequenos e boca rasgada. O papo e o ventre são marrom-avermelhados. Apresenta as nadadeiras peitorais pequenas e uma anal longa e franjada que, na extremidade posterior do corpo, forma uma pseudo nadadeira caudal. Vale-se da mucosa bucal, ricamente vascularizada, para efetuar a respiração aérea, quando vem à tona. Privado dessa respiração suplementar, morre por asfixia. Das 250 espécies de peixes produtores de eletricidade que se estimam existir, no mar e na água doce, esse habitante de muitas bacias sul-americanas é o mais potente na produção de descargas elétricas. Seus órgãos elétricos situam-se ao longo dos flancos, e, como ‘baterias’, esgotam-se, à medida que emitem descargas de potencial, tanto mais elevado quanto maior for o espécime, chegando a 600 volts ou mais. Com essas descargas, defende-se de predadores e imobiliza as suas presas, para devorá-los. Esgotando suas ‘baterias’, precisa de tempo para ‘recarregá-las’. Atingindo cerca de 2m de comprimeto, 10kg e uns 15cm de diâmetro, o poraqué vive em águas escuras e sombrias dos pequenos cursos d’água, lagos e lagoas mearinenses, onde eventualmente surpreende, com violentas descargas, em animais e pessoas que ali penetrem.”

Se tudo for água, como propusera Tales de Mileto, e água for vida, então os peixes que estão entremeados com a vida não são nada mais do que reservatórios de luminosidade, vívidas estrelas. Como os anos passam com sanha de progresso, sede de devastação, outra não é a escatologia de nossos últimos dias, senão padecermos, não como peixes, pela boca, antes com os olhos, sedentos por luz.

*Professor de Filosofia.
FONTE: Suplemento Cultural e Literário JP Guesa Errante

ABL LANÇARÁ PROJETO

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ABL REALIZARÁ BLITZ CARNAVALESCA

Palavras mais faladas 
A ABL - Academia Bacabalense de Letras que tem como presidenta a Escritora e Professora Liduína Tavares, realizará de 05 de março das 08 às 10h pelas principais ruas do município de Bacabal a II Blitz Poética dessa vez com com a temática carnavalesca.
O evento promete sacundir a cidade de maneira positiva repetindo o sucesso da primeira blitz poética que nada mais é do que parar o transito da cidade, não para aplicar multas, mas para distribuição gratuita de obras literárias do imortais da Academia Bacabalense de Letras.
A Blitz Poética Carnavalesca que terá como tema AVANÇANDO O SINAL DOS SENTIMENTOS além de ser uma supresa agradável para todos os envolvidos no trãnsito bacabalense numa periodo considerado de excessos, a blitz poética irá unir o útil ao agradável, pois todas as tribos carnavalescas poderão ter momentos descontraidos curtindo o melhor da literatura do Médio Mearim.


terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

HISTÓRICO DA ACADEMIA BACABALENSE DE LETRAS

No final de 2000, um grupo de poetas e escritores bacabalenses mobilizou a classe literária local no intuito de criarem um organismo que congregasse nossos anônimos literatos. O movimento, que foi encabeçado pelos poetas Casanova, Costa Filho, Aline Piaulino, Eduardo Freitas(falecido), Pedreenrique Coe, entre outros, logo ganhoou a adesão de uns e a  resistência de outros.
     Após sucessivas reuniões e discurssões em torno da sigla, da estrutura e dos objetivos a serem adotados pela neacente Entidade, foi fundada oficialmente a Academia Bacabalense de Letras - ABL, na histórica data de 24 de março de 2001.
     Em 12 de maio do mesmo ano foi realizada a posse coletiva dos 17 literatos fundadores,com as primeiras diplomações em 24 de março de 2002. Nascia assim a  ABL para agregar, difundir e valorizar os poetas e escritores de Bacabal e região do Médio Mearim, propociando o resgatee registro de nossa história, além de omcemtovar a revelação e surgimento de novos escritores.
     A exemplo das demais Academias de Letras, a ABL possui um quadro de 40 cadeiras, destinadas a membros efetivos e sucessores, além de um quadro adcional de 15 cadeiras para acadêmicos correspondentes,      ou seja,filiados residentes em outras cidades do Brasil. Para cada cadeira é eleito um Patrono/Patronesses, ao lado   dos membros fundadores, sucessores e correspondesntes,têm caráter vitálicio e representam o patrimônio  intelectualda Entidade.

HISTÓRICO DA ACADEMIA BACABALENSE DE LETRAS

 

Bacabal possui em sua história social o florescer de poetas e escritores nativos que produziram e permaneceram sepultados pelo anonimato por décadas. Não raro se torna a admiração da comunidade local ao saber que bacabalense também escreve literatura.

No final de 2000, um grupo de poetas e escritores bacabalenses mobilizou a classe literária local no intuito de criarem um organismo que consagrasse os, até então, anônimos literatos de Bacabal e região do Médio Mearim. O movimento foi encabeçado pelos escritores Francisco José da Silva (Casanova), João Batista da Costa Filho, Aline Freitas, Eduardo Freitas Jr., Cláudio Cavalcante entre outros.
                Após sucessivas reuniões e debates em torno da sigla, da estrutura e dos objetivos a serem adotados pela nascente entidade, foi fundada oficialmente a Academia Bacabalense de Letras – ABL, na histórica data de 24 de março de 2001.
                Em doze de maio do mesmo ano foi realizada a posse coletiva dos 17 literatos fundadores, cuja diplomação foi realizada em 24 de março de 2002 na oportunidade do primeiro aniversário da Entidade de valorização e difusão da literatura local. Desse modo, firma-se a Academia como órgão de agregação, valorização e difusão dos escritores de Bacabal e da região mearinense, proporcionando o resgate e o registro da história e cultura  bacabalense, além de incentivar a revelação e o surgimento de novos escritores.
                Do mesmo modo que as demais academias  de Letras do país, a ABL, possui um quadro de 40 cadeiras, destinadas a membros efetivos e sucessores, além de um quadro adicional de 15 cadeiras para membros correspondentes, ou seja, escritores residentes em cidades situadas fora da região de abrangência da ABL. Para cada cadeira é eleito um Patrono/Patronesse. Trata-se de uma personalidade “in memorian” homenageada pela atuação e destaque junto à literatura,cultura e sociedade bacabalense. Os Patronos/Patronesses, têm junto aos membros efetivos fundadores, sucessores e correspondentes, caráter vitalício e representam o patrimônio intelectual da Entidade.
                Esta casa literária possui completa galeria de símbolos oficiais, tais como: Brasão acadêmico, selo, timbre, carimbo, flâmula, colar acadêmico, dístico de lapela, bandeira e fardão, todos de autoria da poetisa, escritora e artista plástica Aline Freitas. Ainda sob a autoria desta, consta o Regimento Interno da Casa e toda a gama de modelos documentais e burocráticos da Academia Bacabalense de Letras.
                Atualmente a Academia Bacabalense de Letras possui preenchidas 20 cátedras efetivas, e três membros sucessores (membros que são empossados pós morte do acadêmico fundador) totalizando 23titulares. Há ainda dois correspondentes.
                Anualmente, por volta do mês de março a abril, a ABL lança editais para preenchimento de cátedras em vacância, momento no qual os escritores escolhem as suas  mais representativas produções dentro do conteúdo e forma literária, inscrevem e aguardam o resultado das três etapas de apreciação. São elas: 1ª – observação e comparação  burocrática do material entregue com as solicitações do Edital, 2ª – análise de conteúdo, forma, valor e originalidade literária, realizada por comissão composta por três acadêmicos da ABL, com graduação e prática na área; 3ª – Pós aprovação da comissão de parecer literário,  os pareceres gerados pelos três acadêmicos são apreciados pela Assembléia Geral composta por todos os membros efetivos, que votarão pelo deferimento ou indeferimento da posse do novo membro. Passadas estas etapas, o novo membro toma posse dentro da data de Sessão Ordinária mais próxima à sua eleição.