segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cruz e Sousa será tema do Café Literário no Odylo nesta terça


O poeta Cruz e Souza será tema do programa Café Literário na edição de outubro, nesta terça-feira (30), às 18h30, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, órgão da Secretaria de Estado da Cultura. A programação começa com a palestra “Cruz e Sousa, Poeta Escravo”, ministrada pela professora doutora da UnB, Margarida Patriota. Em seguida, ela autografa o livro “A Lenda de João, o assinalado”. A entrada é franca.
Na visão da autora, a atualidade de Cruz e Sousa é enorme, considerando que o Brasil vive um momento de implantação de cotas raciais nos empregos e universidades. “Foi o que eu fiz: inspirei-me na obra de Cruz e Sousa, bem como nos dados biográficos que dispomos sobre a pessoa deste e o trabalhei como um personagem de ficção, um personagem meu”, enfatiza a professora.
No centenário de nascimento de Cruz e Sousa, a professora apresenta um estudo de alto nível, trazendo obra e autor sob os mais diversos ângulos. Ela destaca, ainda, que o escritor sempre despertou o interesse dos estudiosos. “Há excelentes biografias sobre Cruz e Sousa, bastando citar as de Andrade Murici e Raimundo Magalhães Júnior, de primeiríssima qualidade”, destacou a professora.
Livro
Romancista de renome, a professora Margarida volta a surpreender ao escrever, com emoção e conhecimento, sobre Cruz e Sousa, um dos poetas mais singulares da literatura brasileira. Em seu novo, ela também enfrenta, com rara sensibilidade, as questões fundamentais que atormentaram o poeta tanto na vida quanto na obra: a pele negra numa sociedade racista, o desequilíbrio mental de sua mulher e a necessidade de reconhecimento artístico. Em muitos trechos, a lucidez da escrita provoca a mesma vertigem com que Cruz e Sousa impactava os leitores.
“Os personagens por ela criados são mais do que autênticos, são paradigmáticos”, escreveu Moacyr Scliar sobre a obra. No texto de apresentação, o cineasta e escritor Sylvio Back observou que, “com tônus de prosa poética, enleada pelos interstícios do onírico poemário de Cruz, assoma uma holografia incandescente, emotiva, livre de afetação e de vulgaridade. É o mito renovado, reencetado, e sempre nascituro de um Cruz e Sousa (“O Assinalado de casta espúria”) cujos versos conflagraram quase todos os nossos grandes poetas da primeira metade do século XX, como assevera Mário de Andrade”.
FONTE: JORNAL PEQUENO

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pleonasmos Malandros


Há pleonasmos e pleonasmos. Alguns estão na cara. São tão visíveis quanto melancia pendurada no pescoço ou macaco em casa de louça. É o caso de subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora, elo de ligação, habitat natural, países do mundo, conviver junto, surpresa inesperada.

A gente só os diz por gozação. Diz e fica esperando a resposta. Marotamente, morto de vontade de rir. Também pudera. Esses pleonasmos estão na cara. Só se pode subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora. Todo elo liga. Todo habitat é natural. Todos os países são do mundo. Toda surpresa é inesperada.


O quarteto

Quatro palavras merecem atenção especial. Uma delas é ainda . Outra: continua . Mais outra: atrás . A última: manter .

Sozinhas, elas são inocentes como recém-nascidos. O problema é a companhia. Quando as danadinhas se juntam a maus elementos, é um deus nos acuda. Valha-nos, Senhor!


Ainda mais

O programa eleitoral ainda vai levar mais dois dias.

ainda dispensa o mais . E o mais não quer saber do ainda . Fique com um ou outro. Assim: O programa eleitoral ainda vai levar dois dias. O programa eleitoral vai levar mais dois dias.


Ainda continua

Serra, apesar das pesquisas, ainda continua esperançoso .

Feio, não? O continua dá idéia de continuidade. O aindatambém. Os dois juntos dão indigestão. Decida por um deles:Serra, apesar das pesquisas, continua esperançoso. Serra, apesar das pesquisas, ainda está esperançoso.


Manter o mesmo

No segundo turno, o candidato manteve a mesma equipe de jornalistas .

Cruz-credo! Manter só pode ser a mesma. Se não for a mesma, troque o verbo: No segundo turno, o candidato manteve a equipe de jornalistas.


Há...atrás

Conheci Dilma há dois anos atrás.

há indica tempo passado. O atrás também. Juntos, eles brigam. Causam o maior estrago na frase. Opte por um ou outro: Conheci Dilma há dois anos. Conheci Dilma dois anos atrás.

fonte: BLOG DA DAD

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Mario Quintana ganham reedições


Há quem diga que bons livros se encontram em sebos. A lenda viria da crença de que um escritor, de tão procurado, faria com que os leitores tivessem que esperar para ler suas obras em segunda mão.
Pois três grandes poetas da literatura brasileira têm agora seus versos de volta às livrarias. Até 2014, as obras de Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Mario Quintana ganham esperadas reedições.
A poesia de Cecília e de Bandeira foi sumindo das estantes desde o fim do contrato entre a Nova Fronteira e a agência literária que detém os direitos de publicação da dupla.
Acervo UH/Folhapress
A escritora Cecilia Meireles
A escritora Cecilia Meireles
Um acordo assinado com a Global deu origem a novos volumes do épico "Romanceiro da Inconfidência", publicado pela primeira vez por Cecília em 1953, e de seu intimista "Viagem", de 1939.
Bandeira retornou com as coletâneas de versos "Estrela da Manhã" (1936) e "Estrela da Tarde" (1960), além da autobiografia em prosa "Itinerário de Pasárgada" (1954).
De Quintana, há antologias consagradas como as da L&PM e da Nova Aguilar, portas de entrada para sua obra. Mas as reedições de seus títulos originais lançadas pela Editora Globo estão quase todas fora de catálogo.
A primeira fornada, sob o selo da Alfaguara, é composta pelos três primeiros livros lançados por ele em Porto Alegre: "A Rua dos Cataventos" (1940), "Canções" (1946) e "Sapato Florido" (1948).
Há ainda um título que fez sucesso três décadas depois, "Apontamentos de História Sobrenatural" (1976), parte da fase madura de Quintana.
Os três autores projetaram bases para a poesia brasileira do século 20, ainda que tenham permanecido distantes do ponto de vista estético.
"Bandeira também tinha temas regressivos, voltas ao mundo da infância, mas sua poesia expressa mais maturidade do que a de Quintana", aponta o crítico Luís Augusto Fischer, coautor da biografia "Mario Quintana - Uma Vida para a Poesia".
"Já Cecília Meireles, parece guardar certa solenidade, na retórica ou na abordagem dos temas, que Quintana não tinha", completa.
Distantes em origem e estilo, o trio expressou pela literatura a admiração mútua.
À Cecília, Quintana dedicou: "Senhora, eu vos amo tanto/ Que até por vosso marido/ Me dá um certo quebranto".
Ela, por sua vez, teceu uma poesia em que o menino Jesus pede à Sant'Ana que substitua as canções natalinas por poemas do colega gaúcho.
E sobre os versos de Cecília, Manuel Bandeira assim escreveu: "Tudo [é] bem assimilado e fundido numa técnica pessoal, segura de si e do que quer dizer".
fonte: DOUGLAS GAVRAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA