terça-feira, 1 de agosto de 2017

Dicas Para Escrever Um Livro – Como Criar Uma Personagem


Como Criar um Personagem
Foto de Takis Kolokotronis
Quando se deparam com a questão de como escrever um livro, jovens escritoresfocam a trama como sendo o principal pilar da história. No entanto, é preciso ter em mente que personagens fortes sustentam este pilar – personagens toscos e vazios fazem toda a trama oscilar, e podem levar ao chão tudo o que foi construído. Nessas horas, é pane no sistema! E a pergunta que exige imediata atenção: Como criar uma personagem?

Construir personagens do zero pode parecer um processo automático para alguns. Às vezes, até é. Mas geralmente exige doses de concentração e organização – até para evitar contradições ao longo da trama. Em alguns casos, o nascimento e crescimento de uma personagem pode ser tão dolorido quanto um parto real. Especialmente para estes autores de literatura que socam pregos na hora de parir seus heróis e vilões, fica a dica: um pouco de disciplina e ordem para cruzar a linha final.

Quais características especificar no momento crucial de criar personagens? A primeira coisa que talvez pense são em características como aparência física, idade, roupas, e afins. Sinceramente? Isto é a superficialidade do superficial. A não ser que esteja fazendo quadrinhos. Do contrário, deixe este tipo de informação para o final. Realmente, é pouco provável que o fato do personagem ser alto e forte fará alguma diferença no contexto da história. O que vai tornear todo o enredo está no fundo, bem lá no fundo. É preciso cavar. Mostre suas unhas e garras, e cave o quanto puder. Não desista até perceber a cor e o cheiro de todas as características boas e pútridas florescendo das entranhas de quem você está tendo a honra de criar.

Assim, faça um trabalho organizado. Não confie na sua massa encefálica (na minha, etiquetei: traidora). Bote tudo no papel. Características do personagem. Nada de falar da insinuância dos olhos dele, ou das pernas arrasadoras que ela tem. Você precisa definir primeiramente qualidades, temperamento, medos e traumas, e por aí vai.

Assim, ao invés de tão-somente se perguntar: “Como criar uma personagem?”, procure responder às seguintes questões.
Objetivos

Quais são os objetivos de sua personagem? Os principais, aquilo que lhe dá a direção a seguir. Objetivos que são capazes de lhe arrancar o sono a noite, e que conduz suas ações durante o dia. Não um alvo corriqueiro, como comprar um presente ou tirar férias, mas algo que faz o sangue dele correr desesperado pelas veias.

Que obstáculos enfrentará para conseguir atingir seus objetivos? Pode ser algo interno, como um trauma, uma limitação física, mental ou emocional. Ou fatores externos, como a natureza de como as coisas são, bem como a ação de um antagonista.

O que ela está disposta a sacrificar por este objetivo? Talvez nem mesmo ela saiba, até ser colocada face a face com a dura decisão. Pode ser que na ânsia de atingir seu alvo, a personagem se veja em uma ladeira, cruzando cegamente as linhas da moral que jamais imaginou atravessar. Não pense apenas em coisas físicas como: ela está disposta a perder o emprego por seu objetivo. Mas pense também em questões morais.
Defeitos

Quais são os defeitos de suas personagens? Não importa quão bonzinho seus heróis sejam, eles não são perfeitos. Coloque no papel seus defeitos, seus traumas, e lembranças que talvez ela prefere manter ocultas.

Na hora de criar seus vilões, pense em boas qualidades, primeiramente. Bons vilões tem excelentes qualidades, mas acabaram sendo vencidos por suas falhas. E muitas vezes permitem que sua nobreza seja transmutada em odiosas tendências.
Medos

Quais são os medos das suas personagens? Por maior que seja sua bravura, o que é capaz de lhe tirar a coragem, e fazê-lo tremer como um covarde?

Tudo isto tendo sido feito, interligue todas estas características, fazendo com que uma dê sentido a outra. Depois disto, talvez queira determinar se ela é loira ou morena, se é comum ou um monumento capaz de interromper as mais sérias conversas.

Será que minha massa encefálica, a traidora, me fez esquecer de algum detalhe?
AUTOR: Juliano Martinz