quinta-feira, 23 de maio de 2013

AML recebe hoje novo imortal na cadeira número 23

Carla Melo
Do Alternativo DO O Estado do Maranhão


O engenheiro e pesquisador Luiz Phelipe Andrès é o mais novo membro da Academia Maranhense de Letras (AML). Eleito em junho do ano passado para a cadeira número 23, ele toma posse hoje, às 20h, em solenidade na sede da Casa de Antônio Lobo e será recebido pelo confrade Lino Moreira, que fará o discurso de saudação.

terça-feira, 7 de maio de 2013

AMANTE SOLIDÃO

A Dor
Sem dó
ocupa espaços em mim
sangra veloz e fugaz
foge em outros pé  gaminhos de solidão
dona absoluta
senhora do tempo
livre bate as asas.... voa... decola...
A dor
sem dó
ocupa espaços em mim
sangra delicadamente e sutil
abraça-me discreta em segredo
dona absoluta
senhora do tempo
Audaz... Poderosa... Imperatriz...
A dor
sem dó
ocupa espaços em mim,
mas eu peço licença poética
pra virar esse  mote
quero ser livre igual a você.
Que pena
a pena já não sabe te descrever
resta-me a resignação dos imortais
de ser o que  não sou,
A dor
Sem dó
Ocupa espaços em mim...
Autor: Zezinho Casanova

sábado, 4 de maio de 2013

Crônica em foco ############################# BACABAL DE OUTRORA (Costa Filho*)

    * membro da Academia Bacabalense de Letras

   A comentada Bacabal já ditava fama pelas freguesias de perto e de longe, seduzindo gente das mais diversos confins, sobretudo do Ceará, Piauí e da Paraíba. Eram famílias inteiras de retirantes, fugidas da seca, que para cá vinham atraídas pelas terras férteis e aconchegantes do Vale do Mearim. Aqui eram recebidas, iam ficando e fazendo vida.
  − Vão tombém pro Bacabal do Mearim? O povo diz que lá é terra muito boa de fazer vida. – comentava um chefe de família com outro ao se toparem na lamacenta estrada da Caxuxa.
Bacabal antigo: R. Getúlio Vargas c/ 28 de Julho
   No outro dia à tardinha, o relato de Pai Honório sobre as origens da cidade, continuaria entre a ficção e a realidade.  Ocorre que Alicinha veio correndo pela areia quente do rumo do Cais da XV de Novembro, adentrou a humilde casa de palhas na Rua da Salvação, onde morava com sua família, e foi anunciando mais uma novidade bem prosaica da época:
  − Pai, chegou mais gente. Eles tão arranchados lá perto da Rua do Quebra Coco, dizia a menina toda ofegante e feliz a roer um caroço de coco babaçu.
   O pai ri e abraça a filha e, retomando a tinta e o papel sobre a mesinha de pau d’arco, volta às suas reminiscências e vai conseguindo descrever o que para ele seria um raro tesouro para as novas gerações:
   O Mearim, como uma gigantesca serpente mexia-se em suas águas fartas, engrossando os cardumes de branquinhas, curimatás, traíras e mandis, os quais, como que brincantes e felizes, ficavam a saltitar e a nadar pelo leito escuro e fundo do nosso perene rio.  Em maio, com o baixar das águas, os vazanteiros tomariam posse do limo deixado pela enchente para plantarem cereais e hortaliças. Enquanto isso no cais da XV, as embarcações atracavam e seguiam rota de vez em quando à capital São Luiz, a Arari ou então aceleravam seus motores a subir para Ipixuna e Pedreiras. Gente grande e miúda, porcos, galinhas, comestivas, retirantes e os próprios barqueiros lotavam as lanchas, vapores e canoas, que ficavam a apontar e a sumir por entre as bacabeiras e as árvores ribeirinhas que guarneciam o pontão da Bacabal de outrora. Toda a beira do rio se estendia inquieta, desde o pontão flutuante, subindo as águas para o sul até o “Porto do Por Enquanto”, estirão de terra onde pescadores, passageiros, arrumadores e fidalgos do comércio e da indústria local Davam ao logradouro um ar de intensa circulação de gente, que ia e vinha com empórios diversos a transportar. Na Rua do trilho desciam ziguezagueando em seus rangidos longitudinais os vagões lotados de fardos bem feitos de algodão da melhor qualidade, beneficiados que eram pela Usina Contonière, adquirida depois pela Chames Aboud, situada no Ramal, onde futuramente funcionaria a Antarctica e a Itapemirim.
   O velho homem, tomando um fôlego em seu texto, foi ao pote molhar a goela e continuou em sua simpática e capciosa missão:
  Os antigos e enormes galpões industriais, as fachadas comerciais e residenciais de grossas paredes e rodapés em relevo, dispersos desde a ponte de concreto de 1957 até o fim do Ramal, se ainda são, hoje, testemunhas de um ciclo econômico marcante, cogito em deixar isto escrito a que tais cenas ao serem abandonadas pela memória, ou se perderem nas pândegas, bares e conversas fiadas, fiquem gravadas nestas folhas, ainda que anônimas nesta gaveta fria...
   − Acorde, pai, o homem quer falar com o senhor, disse Alicinha mostrando um senhor bem trajado.