quinta-feira, 21 de março de 2013

Um Rio e alguns templos para as letras






 Por uma Academia Engajada na Cultura! 

É notável em nossa região o número de Academias de Letras, assim como também é notável a vocação para poesia e escrita que é remanescente entre os nossos: ABL - Academia Barra-Cordense de Letras; ABL - Academia Bacabalense de Letras; APL - Academia Pedreirense de Letras; AEL - Academia Esperantinopense de Letras e a ALL - Academia Lagopedrense de Letras. Eis algumas das oficinas de valorização e propagação da cultura do povo das cidades privilegiadas. Outrora, a finalidade destas instituições seria zelar por uma unidade nacional da língua, porém, agora a missão constituída é zelar pela expressão do povo enquanto identidade cultural e popular. Popular não no sentido contraditório ao erudito, mas, de legitimidade, e ainda de propiciar a elucidação do nosso pensamento, de sua imortalização através da escrita da história, dos anseios, dos amores, da devoção e da tradição do povo.

Trago este tema à tona, porque neste próximo final de semana serão realizadas as posses das diretorias de dois Sodalícios citados acima, na APL serão empossados:FILEMON KRAUSE, Presidente; SAMUEL BARRÊTO, Vice-presidente: JOAQUIM FILHO, 1ª Secretária; FLORISA LIMA, 2º Secretário; NONATO MATOS, 1º Tesoureiro; EDIVALDO SANTOS, 2º Tesoureiro; MOISÉS ABÍLIO, Diretor de Marketing e Cultura. Enquanto na Academia Bacabalense de Letras empossam-se os confrades: FRANCISCOJOSÉ DA SILVA, Presidente; JOÃO BATISTA DA COSTA FILHO, Vice-Presidente; RAIMUNDO LAÉRCIO DE OLIVEIRA, Secretária Geral; MARIA RAIMUNDA LOPES COSTA, 2ª Secretária; ELIENE LOPES DE SOUZA, 1º Tesoureiro; JACSON LAGO FERREIRA, 2ª Tesoureira; ALINE FREITAS PIAUILINO, responsável pela Biblioteca.

 Hoje o maior patrimônio intelectual de nosso povo é a língua. Ela é nosso DNA cultural que mantém viva as tradições com as raízes mais profundas em nossa comunidade. Por isso, se torna tão importante que exista uma entidade representativa das letras, para que seja a guardiã do pensamento e criatividade de cada Aldeia. Mas será que é assim mesmo que acontece? As Academias do interior do Maranhão são alvos de críticas, no entanto, estas deveriam se diferenciar àquelas que estão localizadas nos grandes centros, e não proporem-se a continuar a ser somente um templo aristocrático de cultura em torno de personalidades literárias. Não afirmaria que não possam existir personalidades literárias, até porque nos orgulha que o Maranhão possua muitas delas, desde os primórdios de sua História. Mas, que as Casas Literárias não se afastem de promover a cultura popular dos locais em que estão fincadas, a não ser por esporádicos eventos em que poucos são os acadêmicos que participam efetiva e ativamente.

Fico triste com alguns acontecimentos que envolvem o cotidiano de nossas Academias, e sobre os quais a maioria das vezes são poupados comentários por recalque ou mesmo tolhimento. Porém, não consigo deixar de citar quando percebo que existem pessoas ligadas às confrarias que somente estiveram no dia da posse, há meses, anos e até décadas atrás... Pessoas que não representam o engajamento precioso pelo qual se faz uma comunidade valorizadora da cultura e da arte em seusmuitos aspectos...

Vamos despir os fardões? E fazer militância literária nas ruas e praças... Vamos nos desmistificar das páginas dos livros publicados? Recitar, ensinar e palestrar nas escolas... Até quando vamos deixar que os quilômetros que nos separam da terra em que “ainda” fazemos parte de uma Academia, nos impeçam pelo menos de dar nossa contribuição intelectual e financeira a ela? Não, um enterro com a gala acadêmica não tornará uma vida imortal... Imortal é a história que deixamos pelos rastros de nossa própria escrita e ações em prol da instituição da qual fazemos parte!

E por falar em escrita... Vamos produzir escrita? Quer seja literária, poética, didática, científica... Porque como acadêmicos que somos, temos que nos envergonharmos caso estivéssemos estagnados ao título que recebemos de poeta ou escritor ou pesquisador, há tempos... E sem nunca provar a que viemos... Porém, antes de tudo isso, devemos ocupar os bancos vazios das nossas reuniões...

Não, o que era pra ser crônica, não passou a ser algo como “puxão de orelhas” literário... Ainda é crônica, e utilizando a beleza de significações de nossa “Flor do Lácio”, hoje tão inculta e felizmente popular, ainda porta voz da identidade tão regionalmente nossa, desejamos que essa crônica não cronifique um mal que não era pra ser crônico, que ela possa abrir janelas de mentes e assanhar disposições e assim quem sabe... Construirmos uma casa que acomode verdadeiramente os moldes de nossa cultura, geridas e formadas por pessoas comprometidas com a arte local.

Encerramos com as palavras do novo presidente eleito da Academia Bacabalense de Letras: "A Academia somos nós, é uma fotografia digital do povo de Bacabal, por isso merecemos o respeito das autoridades, somos a casa do artista da palavra, expressão maior de nossa cultura, uma academia é muito mais do que fardões sessões solenes enfadonhas e distantes da realidade da comunidade, vamos fazer uma gestão diferente, quase rebelde, colocar a academia nas ruas, praças, escolas, universidades, e fazer valer as idéias de nossos ancestrais literários..."

Ana Néres Pessoa Lima Góis

Um comentário:

  1. Sou estudante de letras e sei o quanto é importante termos uma Academia com renome em nosso município. Pena que a maioria não saibam, ou não reconheçam esse valor para a cultura da nossa língua materna.

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